Geralmente a mulher tenta ficar no relacionamento a qualquer custo, fingindo que está tudo bem, quando, na verdade, está cheia de mágoas e ressentimentos, o que diminui seu desejo sexual e sua lubrificação. Com isso ela passa a ter dificuldades de atingir o orgasmo, o casal se distancia porque perdem a intimidade emocional e sexual. E o homem? Ele acha mais fácil arrumar uma terceira pessoa para quem canaliza apenas sua sexualidade. Assim, é mais fácil (teoricamente) enfrentar as dificuldades e reorganizar o casamento. Lembremos que o inverso também é verdadeiro.
Os homens traem mais por razões ligadas à sexualidade, por atração sexual junto a circunstâncias favoráveis (oportunidade), e as mulheres, geralmente, por motivos ligados ao casamento (falta de afeto, rotina) e também por vingança (já foi traída, decepção, desamor, raiva do parceiro).
A dor da mulher traída não é maior ou menor que a dor de outra mulher, pois não existe competição de dor. A dor de cada uma é a maior dor do mundo e precisa ser respeitada. A mulher traída ama o parceiro a tal ponto que tenta perdoá-lo e seguir em frente, reajustando o relacionamento.
Mas, existe algo positivo na traição. A mulher cresce como ser humano e fica dotada de uma força maior, que a ensina a cuidar dela mesma, investir no seu ganho financeiro, nas suas perspectivas pessoais, assim como em suas escolhas masculinas. Essa mulher aprenderá a dar valor a ela própria e seu saldo será positivo. Como dizia Simone de Beauvoir: "Não se nasce mulher, torna-se mulher".
Dessa traição pode crescer uma nova mulher, renascer um novo casamento, chamado 'recasamento' (casar com a mesma pessoa). O homem também pode amadurecer, repensar, criar valores e os dois juntos, agora mais maduros, escolhem casar novamente, com um novo estilo de vida e com maiores chances de trocas e companheirismo. Nesse momento, a mulher trabalha o perdão a si própria, pois geralmente sente-se culpada pela traição masculina, e também o perdão ao outro.
As dificuldades sexuais da mulher advêm de uma baixa de autoestima, pois se sente perdedora. Então, essa mulher retoma o relacionamento, porém com diminuição de desejo, ou até sem conseguir mais ter orgasmos. É preciso entender que a responsabilidade da traição é de quem trai, pois ninguém tem como vigiar o outro 24 horas por dia. Ou seja, cada um é responsável pelos seus atos e sabe que tudo na vida tem suas consequências.
O enfrentamento de tudo isso é mais fácil se a mulher tem um parceiro interessado e preocupado em compartilhar a sua dor. É o respaldo emocional que ele vai lhe dando aos poucos para que com calma supere a dor que cicatriza. A ferida aberta dói, porém a cicatriz é lembrada de vez em quando, olhamos para ela, mas ela não dói mais como antes.
As consequências de uma traição vão desde a disfunção do sistema familiar, como um verdadeiro encontro do indivíduo consigo mesmo, renovado para viver, mas também pode levar a uma desestruturação da psique feminina, assim como ódio, depressão e desconfiança. Portanto, qualquer que seja o enfrentamento que a mulher faz da sua dor perante a traição, ela precisa de ajuda para superá-la, então não hesite em procurar um terapeuta especializado para que esse processo ocorra o mais rápido possível.